Indy Vandark

sábado, 22 de dezembro de 2012

Síntese do ego.

Não. Não há ninguém que possa entendê-la. Nem ela mesma. E ela sabia que para ser feliz nesse mundo, precisava arriscar-se na vida. É como se jogar num abismo, pensando convictamente de que lá embaixo encontraria outro mundo. O mundo que a pertence. O seu eu. E que a dor da queda, não seria tão pior quanto a dor de viver infeliz.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Garota da Montanha (A Visão de Antes da Morte)


Garota da Montanha



     Apenas no crepúsculo acordo da enfermidade. O clarão das lâmpadas elétricas da rua deitava-me pálida aqui acolá. Ainda pensando na morte de Gregor Samsa e Georg Bendemann, que pensaram com amor na família antes de sucumbir, e também se autossacrificar no final d’A Metamorfose seguido de O Veredicto. Pensava e tentava entender por qual motivo Kafka eis de matar todos os seus personagens. E porque acordei pensando nisso.
     O dia chegou, senti o cheiro da terra e ouvi o piar do vento. Vozes de pessoas fluíam ecoando por debaixo da porta do quarto. A ranjada de vento dominou o local abriu a janela ferozmente e me fez avistar uma garota no alto da montanha. Consegui enxergar embaçadamente um véu caído em seu ombro, pés descalços, suor e muito cansaço. De longe ela parecia me observar. Aquela cena me fez acordar à vida. E percebi que aquele lugar eu nunca estivera antes. Levantei-me da cama com muito esforço, olhei para minhas mãos, que estavam pálidas e muito diferentes. Olhei para cima da porta, lá havia um relógio antigo com números em romano. Estranho mas, mesmo sabendo decifrar números romanos, naquele momento eu não conseguia decifrá-los.
     Olhei novamente para a janela, a garota permanecia lá, imóvel, com os olhos voltados para minha direção. Senti um súbito arrepio fluir em meus braços, a chuva parara e o sol já se manifestava. Olhei meramente para aquela paisagem. Embaixo da montanha havia um lago, no qual sua água estava suja, tão preta e podre que era notável a presença de plantas mortas em sua beira. Só havia montanhas e mais montanhas naquele lugar.
     Por um momento senti falta das coisas familiares e quando pensei em sair do quarto, surgiu um homem por detrás da garota, chegando cada vez mais perto dela. Carregava consigo um marchado. Ele era magro, estava de calça preta, camisa xadrez, chapéu chinês e tinha bigode italiano. De repente ouço choros, seqüência de gritos, vindo por debaixo da porta. Assustada olho para a montanha novamente, e em fração de segundos o homem empurra a garota montanha abaixo. – “Jesus!” Gritei. Fixei meu olhar na garota se caindo nas rochas até chegar ao lago abaixo. Desesperada, corri para abrir a porta, em seguida me deparo com muitas pessoas chorando baixinho, soluçando, padre rezando... Ninguém me ver. Ninguém me ouvia gritar! E em meio a todos ouço um homem dizer. – “Minha filha não!... Ela estava brincando nas perigosas montanhas, e acidentalmente caiu.” – “... Ou suicidou-se!” diz o padre. Mas eu sabia, eu sabia. O homem inconformado é o pai da garota, ele tinha bigode italiano e estava de xadrez. Eu o reconheci. Senti uma forte dor no coração. Desesperada, corri para o quarto. Na janela havia um clarão atraente e muito forte, tentei enxergar o lago, mas não achava. Então ouvi uma voz feminina dizer: – “Queridos pais, mas eu sempre amei vocês!”. O clarão foi vagarosamente transformando-se em uma breve escuridão sem fim. Total silêncio.
     Acordei. Desta vez em meu quarto, em minha cama e minha casa. E até agora não consigo explicar para ninguém que a menina do lago não era eu. E que isso não foi um sonho, e sim, a visão de antes da morte.

     Hoje entendo porque os personagens de Kafka sempre se “autossacrificam”. Mas a felicidade é amarga e o sol ilusório. Ninguém pode deixar de ver que há – como no velho Marchado de Assis – uma gota da baba de Caim em toda essa felicidade presente.

Sábado, 24 de novembro de 2012 13h36min29

sábado, 17 de novembro de 2012

Ascenção




Para mim não tem nada haver com revolta, tem haver com marcar posição. Eu amo meus pais, sinto-me à vontade no meu mundo confortável com cortinas, heavy-metal, e xícaras de chá. Eles nunca me impediram que eu fizesse o que queria até então, e dão o quarto do meu irmão para eu tocar quase todos os dias, quando Júlia, Nayana e Gabi aparece e nós tocamos juntas. Minha mãe fecha a porta e diz: “Toquem música, por favor!”. Meu pai nunca se importara com a barulheira, ele tem um ótimo senso de humor. E na maioria das vezes ele nunca está em casa mesmo. Incrível sua vontade de trabalhar.
            Hoje é um mundo diferente daquele em que eu cresci, eles não pareciam se importar, desde que fosse feliz, e eu era. Eu ouvia as histórias dele. Como durante a juventude do meu pai – Lucca – que era vendedor de picolé na praia, depois consertador de objetos pilháveis, e hoje empresário de bancos. Minha mãe – Inig J – era uma boa moça que teve seu primeiro emprego vendendo salgados, sempre sorrindo e dizendo coisas positivas para todos. Eles estavam casados há pouco tempo quando descobriram que eu ia nascer. Mas já tinham um filho. Isso foi quando eles viviam na velha casa de Jardim Paulista, era um casebre perto do Recife. Eu era um bebê da meia noite, eles disseram: nascera em 30 de março de 1996, na maternidade Paulista, um bairro ao lado de Hellcife. Eles não me batizaram, apesar de que isso era o que todos faziam, mas eles preferiram assim, e nunca me obrigaram a ir à igreja. Eles acreditam em Deus – não pra valer –, nem eu. Eu só digo o nome dele quando alguma coisa dá errado: Ai, meu Deus! Por Cristo! Ah, vá pro inferno!
            A música pra mim não era importante. De vez em quando ouvia minha mãe ouvindo no rádio um velho MPB, como: Jorge Vercilo, Caetano Veloso, Roberto Carlos... Realmente eu não curtia muito a música, até ouvir as músicas que meu pai ouvia: Legião Urbana, Titãs, Guns N Roses... E eu sempre soube que foi apartir desse momento que eu soube o que era música. Meu pai “era” um roqueiro embutido, ele curtia aquele rock clássico, era fã de Guns N’ Roses e razoavelmente ouvia Scorpions. Eu nunca soube o que era metal de verdade até ficar mais velha. Por sorte, meu irmão mais velho também gosta de rock, assim como depois, minha irmã casula também veio para gostar. Eu gosto da companhia dos meus irmãos, mas prefiro ler, desenhar e colecionar CDS só para mim. Eu sou a filha do meio, a que sofre com aquela história: “Só ele que vai porque é mais velho. Só ela vai ganhar porque é mais nova” Mais que Cacilda! Odeio isso. E para meus pais eu sou muito madura mentalmente para a minha idade. “Você era divertida”, dizia minha mãe, olhando para alguns anos atrás. “Mas uma divertida tranqüila, você não era do tipo de menina que gritava.” E hoje sou mais fechada, isolada. Uma solitária por vontade própria.  Muitas pessoas não conseguem ficar sozinhas. Ficam assustadas. O isolamento não me incomoda de maneira alguma; ele me dá uma sensação de segurança.
            Depois que meus pais se mudaram de Jardim Paulista (PE) para Jardim Planalto (PB) em 2002, as coisas começaram a melhorar, não para a minha mãe, que tinha a sensação de que se mudou para uma casa amaldiçoada, porque vivia vendo e ouvindo coisas esquisitas, dizia que via espíritos. Até se mudarem para outra casa nos funcionários em 2004 a qual foi pior ainda para ela. Já em 2008 se mudaram para uma casa nova, em outro bairro, a casa que vivemos até hoje, e ela nunca tivera problemas como os quais ela tinha antes. A casa é legal, agradável. As cortinas de renda, vizinhos curiosos e fugir para a mata da esquina. Ainda não perdi o sotaque da cidade natal. Drogachi! Depoichi! CuichiCuichi! Arroichi! Ridículo.
As férias do começo do ano é a melhor coisa. Na maioria das vezes volto para Pernambuco visitar meus familiares ou vou para alhandra, caaporã ver outros familiares que nem sabia que existia. Vou até a fazenda da minha tia-avó uns 40 km de João Pessoa, foi lá à primeira vez que pesquei. E podia matar o tempo com animais. Fazer medo a os pirralhos sobre as histórias de romãzinho e Maria florzinha, essa era a melhor parte, saiam todos correndo para casa e deixava a mesinha de totó em paz para eu brincar com minha prima Tainá, a que não é uma índia.
Em relação ao colégio eu era uma ótima aluna até os 14 anos, até descobrir o violão. Depois descobri a guitarra, virei metaleira. Mas ainda posso contar por ai que sou uma boa aluna, pois eu realmente tive uma boa educação dos 7 aos 14 anos, aprendendo a ser uma rebelde e todos os macetes dos jogos. Mais isso era apenas para contar vantagem. Eu gostava de me exibir. No início, eu pegava o violão sabendo que os professores iriam tirá-lo e não devolveriam até à hora de ir para casa. É um violão daquele tipo pra iniciante, preto e com cordas de nylon horríveis, mas, quando eu aparecia com ele depois da aula e começava a tocar, mesmo sem ter o jeito ainda e, tocando as notas mais simples e o ritmo mais fácil, os amigos se juntavam ao redor, arrancando os cabelos, surpreso por ver um instrumento raro para crianças – as crianças nunca gostaram de violão – e olhando para mim como se estivessem me vendo pela primeira vez. Eu sabia tocar, até Mateus mostrar como era. Depois consegui aquele livro Play in a Day, de Bert Weedon, mas por curiosidade, depois perdi ele na mudança. Logo esqueci tudo. Depois minha mãe comprou outro livro de cifras Canções de Roberto Carlos. Eu vendi. Em relação a tocar violão, eu prefiro tocar MPB, me faz bem. Meu antigo colégio o João Paulo II – onde conheci Lucas, meu futuro marido – ofereceu algumas aulas, mas isso também não ajudou muito. Eu sempre fui muito impaciente. Eu tinha aquilo que o professor do JPII me pediu para praticar e o que eu ouvia quando colocava alguns CDS. A primeira música que aprendi foi Pra não dizer que não falei das flores, são apenas duas notas, mas, até hoje me perco no ritmo. Eu queria era tocar Legião Urbana, Pais e Filhos, Hoje à noite não tem luar, Que país é este e Faroeste Cabloco. Eram as músicas que eu escutava naquele tempo. Também queria aprender Cássia Eller e Cazuza. Nunca consegui tirar uma completa. Mas felizmente hoje consigo mais ou menos. Pelo menos disfarço. Minha música favorita era Don’t cry de Guns N’ Roses, puta som! Pegava de um jeito que você não conseguia mais tirar da cabeça! Nada de bateria pesada, apenas dedilhado de guitarra e mais guitarra. Aquele refrão estagnava na minha mente “Don’t youuu cryyyy that night” Mas eu choro ouvindo ela à noite; pura emoção, eu querendo fazer parte. Então eu aprendi um pouco de guitarra, comecei com alguns solos, normalmente Sweet Child O Mine, eram difíceis, apenas as notas eram fáceis e tentava entender porque o Slash era tão criativo. Aprender sozinha foi a primeira parte, e a mais importante, da minha educação. Eu dizia isso depois, quando me perguntavam a respeito dessa época espero que mantenham isso fora das escolas.
Às vezes levo horas, dias até, antes de pegar uma música, mas no fim sempre pego pelo menos a metade. Assistia vídeos aulas de Buddy Holly e James Nelson, eles eram os únicos que ensinavam solos simplificados. Foi quando começou a ficar difícil, tentando fazer aquele tipo de solo bendy string style. Demorou meses para eu perceber que eu tinha de tirar a terceira corda revestida e substituí-la por uma não revestida, porque era fisicamente impossível curvar de outra forma. Eu estava atenta. Depois de alguns dias, rebentei a corda mizinha tentando afinar um tom mais grave, subi uns mil tons e deu merda. Quase queimei o amplificador, na tentativa de achar a distorção, mexi debaixo dele travei um botão de energia e começou a sair fumaça pela saída de áudio. Onde no qual eu precisava apenas por no tom máximo. Eu sabia que era uma iniciante desastrada.
Eu realmente queria uma pedaleira, cheguei a economizar o dinheiro do lanche. A única vez em que toquei guitarra com pedal, foi quando Alan me emprestou a dele, quase que eu quebro também, porque pisei sem querer. Até ai Alan nunca mais apareceu. A guitarra também não é minha, é do meu irmão. Ele conseguiu ela depois que eu fiquei enchendo o saco, pra ele pedir aos nossos pais para comprar de presente de aniversário. Ele nem gostava naquele tempo, mas só por que a guitarra foi comprada no aniversário dele, ele se sentiu no direito de gostar e aprender a tocar. E tocar mais do que eu. Mais isso nunca aconteceu.
Eu também queria uma guitarra, mas ia demorar até o meu aniversário, eu queria de verdade, nem que fosse a mais antiga, uma Hofner Senator, com o pick up elétrico, com o corpo sólido, ou uma Grazioso, uma espécie de Strat com corpo sólido, mas só tem na Tchecoslováquia. Como Hank Marvin, dos Shadows, com o seu Antori. Era só ligar e mandar bola.
Tudo tinha haver com rock’ in’roll. A-wop-bop-a-loo-bop… eu ouvia coisas antigas demais para mim. Mas nunca gostei dos Beatles pra valer, apenas ouvi algumas músicas. Aprendi a tocar Don’t Let Me Down, Let it Be… e Júlia me ensinou a tocar a metade de Imagine. No meu ponto de vista, Led Zepellin dá mil a zero nos Beatles em relação a música, letra, arranjo, riffs... ou seja, nada contra sobre a história deles. “A grande revolução”. Eu nunca idolatrei nenhum artista, e sim, a música desse artista. Eu realmente amo guitarra, mas até hoje só toco mais ou menos apenas o violão.
Economizei dinheiro para poder comprar Cowboys From Hell do Pantera. Emprestei, e nunca mais o vi. Foi em 2010 que me apaixonei por essa banda. Pantera é o tipo de banda onde todos os integrantes tocam perfeitamente diferente. Phil Anselmo tem uma voz potente, mas ao ouvir o Pantera você não canta junto com ele, você canta junto com Dimebag, o guitarrista, o cara é foda! Você não decora a letra de Phil e sim o riff da guitarra de Darrel. Exceto em Walk! e This Love. Essa banda fez mudar meu apetite musical, e passei a ouvir mais metal do que rock clássico. É em Gaspar que vende radiolas, discos, camisetas de bandas na frente e tem uma pequena lan house nos fundos. Curti bastante aquele lugar. Mais lá não tem tanto ar para respirar. Até então, era do rock, um pouco de punk e até chegar ao metal. Minha lista era assim, em ordem alfabética: ACDC, Aerosmith, Alice In Chains, Angra, Avenged, Black Sabbath, Deep Purple, Dragon Forces, Iron Maiden, Judas Priest, Korn, Led Zeppelin, Marilyn Manson, Megadeth, Metallica. Nirvana, Pantera, Pearl Jam, Queen, Ramones, Scorpions, Sepultura, Slayer, Slipknot, SOAD, The Distillers, The Rolling Stones, e outras cacetadas de bandas.
Mas esse é o mundo onde rock in roll e metal são quase que apedrejado. Não em João Pessoa. Em alguns lugares rock é sinônimo de palavrão, de fruto proibido. Então de repente vieram novamente os The Beatles, que não é considerado um “rock de verdade”. Meus colegas de “estrada” têm uma coleção incrível. Todos os meus amigos mais próximos são fãs dos Beatles; Lucas o nerd, meu melhor amigo, conheço ele desde antes da primeira guerra mundial. Aquele que só vive com a minha camisa do Pantera. Kelly, minha irmã gêmea, aquela que é de Bayeux, mas significa muito pra mim. Júlia, uma menina clássica e antiga, dos cabelos de fogo, aquela que já tem capacidade de criar um livro de teorias. Nayana, que chegou agora e já quer ir embora. Aquela que parece o Pe Lanza do Restart. E que pensa que me engana. E Gabita, que já foi atropelada por uma moto, e que fala a todo estante “poxa vida!”. Aquela que me acorda com travesseiradas e anda de skate numa rua calçada. Enfim, e vários outros.
 Eu queria tanto falar pra eles que não gosto dos Beatles por que eles gostam dos Beatles, e eles só gostam dos Beatles por causa da modinha de hoje em dia. E que eles são todos antigos e velhos, mas mesmo assim amo eles. Quando eu ouço aquelas músicas elas realmente causam um frio na minha espinha. Mas também não posso deixar de comentar que foram os Beatles que fez o sentido da mistura do blues com o rock in roll. E foram eles que influenciaram quase todas as minhas bandas favoritas. Foram eles também que plagiaram os Fats Domino em 'Lady Madonna, mas todo mundo plagiou os Beatles em alguma coisa. Portanto, querendo ou não, eles são mais ou menos, ruins.

O segredo de Margaret Sims

A última coisa que ela esperava era que a criança sobrevivesse...


Parte 1
FIM DA ABERRAÇÂO

16 de novembro de 1931, sexta-feira. Nasce do pecado, uma misteriosa aberração, Mararet Sims,
esse é o seu nome, demorou muito para encontrar um padre que a batizasse. Depois da sua sobrevivêcia, ninguém
achou nada demais quando isso aconteceu, não no nível subconsciente onde vicejam coisas primitiva.
Margaret, nasceu com um erro na gravidez da mãe e nasceu cega, não andava, e não conseguia se mover
normalmente, e a cada dia que passava seus olhos iam ficando cada vez mais brancos.
Depois de várias consultas simultâneas ao médico, Mrs. Sims descobriu que haveria possibilidades da filha
andar, e apesar de vários problemas na formação, Margaret era uma criança saudável.
Passou-se vários anos e ela só começou a andar com 12 anos, o seu único problema agora era a visão
a qual ela nunca poderia curar-se. Tão nova e já teve de passar pela maior dificuldade de sua vida, a luta pela
sobrevivência quando criança. Mas ninguém imaginava que tal aberração pudesse curar sem deixar marcas, ou consequências.
E o que todos não sabem é que existe sim consequências, mas em seu interior. Margaret tinha visões fotográficas, visões
do futuro, a qual fazia ela prever o destino das pessoas, mas nunca revelou para ninguém.
Margaret transparecia uma pessoa normal, mas por dentro carregava uma mágoa cada dia mais profundo, pois sabia
que havia acontecido algo constrangedor em seu passado, por isso a razão de sua deficiência, e estava preparada para
desvendar esse mistério.

Parte 2
ANOMALIA OCULTA

Depois de tanto tempo, Mr. Sims consegue uma vaga para Margaret no colégio High school City, o problema é que não
disponibilizaram a transferência para nenhum colégio de deficientes visuais, e por fim, ela vai para um colégial,
onde todos os adolescente são normais, menos Margaret, que por sua vez, fará de tudo para fazer com que
 os alunos lhe tratem como uma pessoa normal, mas não será bem assim, e Margaret não sabe que está prestes
 a sofrer e presenciar o inferno na terra, ainda mais quando ela poderá ver o futuro de todos,
menos o seu próprio...

Parte 3
BRINCANDO COM O FUTURO

"...NÃO! NÃO PODE SER VERDADE!..." Margaret acaba de prever uma morte,
 a da sua mãe e fará de tudo para desviá-lá do fim.

Sombra Paranormal





Essa era a última coisa que eu esperava.
(Parte 1)

A vontade de ler a bíblia... Essa era a última coisa que eu esperava numa manhã de sexta-feira. Essa vontade me aconteceu depois que vi a destruição de Sodoma e Gomorra (cidades bíblicas) nos meus sonhos. Acordei sentindo na pele como se eu estivesse lá, sentia-me estranhamente energizada, isso não era de costume, pois, sempre que eu tinha um sonho profundo, ficava totalmente fraca, cansada.
Olhei para a antiga bíblia da minha mãe que estava sob um rádio antigo mais velho que eu, senti uma sensação estranha, calafrios me dominaram. Mas eu sabia que precisava lutar contra esse medo que gelava meu interior. Tentei e tentava, mas não conseguia entender porque que eu sentia aquele medo atroz.
De repente, ouvi o silvo do vento olhei para o corredor e avistei uma sombra a se formar. Era de uma forma embaçada, preta e familiar que estava à espreita ao lado da verdadeira sombra de um ramo ao meu quarto, mais ou menos dez metros à minha frente. Abismada, dei um passo na direção daquela coisa, e a sombra se encolheu, tentei não fazer movimentos bruscos, cheguei mais e mais perto, torcendo para que a sombra não fugisse. Era quase que uma novidade para mim, pois a última vez que isso me aconteceu, fazia muito tempo e eu nunca tivera coragem de se aproximar para ver o que realmente é além de uma sombra. Ali a sombra se contorceu sob um pequeno criado-mudo do quarto, mas ficou onde estava. Com o coração gelado de medo, tentei me acalmar. Sim, não haveria ninguém acordado em casa, e se acontecesse algo, com certeza haveria uma chance de ninguém sentir minha falta por um bom tempo.
Mas não havia motivo para entrar em pânico. Eu estava sentindo o mesmo tremor nas mãos que costuma sentir ao ver as sombras quando menina, antes de ter aprendido que eram basicamente inofensivas. Chegou à hora de fazer alguma coisa, podia tentar ficar congelada ali para sempre, quanto se acovardar e ir de volta para a sala de mal-humor, ou... Perguntei: - “O que você quer?” Não ouvi nenhum som para se fazer de uma resposta, mas a sombra foi se formando por completo e transformou-se idêntica a sombra de um humano, poderia ser a sombra de alguém que estivesse ali escondido, pensei na hipótese, mas não, de acordo com o anglo do quarto, a única sombra que poderia estar sob um criado-mudo era a minha, que estava diante de uma pequena passagem de sol no buraco da janela. Mas não era a minha sombra, pois ela estava se esticando cada vez, tornando-se enormemente anormal.
A porta da sala bateu tão ferozmente, tomei um grande susto, sentia-me completamente sem ar, minha vista escureceu, e depois de alguns segundos percebi que a sombra sumiu. Por um momento não sabia nem por qual motivo eu estava ali em pé parada, sentia uma sensação de peso em meu corpo. De repente minha vista novamente foi perdendo as cores, e lentamente despenquei. Acordei deitada na cama, porém agora, com uma breve sensação de alívio.
Voltei em si e perguntei-me se tudo aquilo que acontecera foi realmente verdade, ou um estranho sonho, que parecia tão real. Fiquei um bom tempo estatelada e pensando, se poderia inclusive descobrir como desvendar esse mistério.


domingo, 27 de maio de 2012

Despertando para o Inconsciente



Depois de fazer essas anatações em meu diário vou até a cozinha e preparo um chá. Olho pela janela e vejo o segundo sol se pondo. Um azul de cobalto paira no horizonte me lembrando aquela chama roxa que saia do fogão na antiga casa de minha vó. Ela está ai em algum lugar, depois do episódio do mágico, os mortos se levantaram e começaram a vagar entre nós. A população cresceu enormemente, mas os americanos já estão resolvendo essa questão. Foram construidos campos de concentração para conter alguns dos mortos vivos e os mutantes, Também está sendo construída a Terra 2, que concerteza não se chamará assim. Não sei por que minha vó não veio me ver até agora. Talvez seja melhor que ela permaneça distante mesmo.
Minha mãe dizia que quando nós morremos tudo acaba, tudo simplesmente chega ao fim. Percebe-se que estávamos todos enganados. Tinha um besouro morto no meu quarto no dia que minha vó morreu. Ele também deve estar aqui agora. É estranho pensar que as coisas tenham se tornado ilimitadas. Se eles não morreram, então o que aconteceu com eles? Devem ter se modificado. Quero dizer, ainda estão no caminho de mudar, por que isso vai continuar acontecendo para sempre.
Muitas pessoas se tacaram desse prédio aonde eu trabalho. Se elas não morreram, e não estão aqui agora, é por que elas rencarnaram. Em algum outro corpo. Ou em algum outro lugar talvez. Almas transmigrantes. Os solos desse prédio escuro está cheio de almas transmigrantes. O centro da cidade está cheio de almas transmigrantes.
Crianças orfãns e almas órfícas transitam pelo centro da cidade enquanto prostitutas vendem seu corpo para lagartos com falos de setenta centímetros. Isso explica por que as estrelas andam.
Está rolando um quebra quebra na rua em frente ao consultório do dentista. Parece que alguém foi atropelado. Não consigo ver nada. Tem muita coisa invisível por ai. Na verdade, acredito que eles sempre estiveram por ai ao nosso redor, só que antes não eramos capazes de enxergar. Fico olhando o chá ferver na panela liberando aquelas bolinhas de vapor e me lembro do que aprendi na faculdade, que todas as formas de vida provém da água. É verdade.
Ao bater a porta da minha sala, fico analisando o silêncio melancólico que impera nos corredores desse prédio fatal aonde trabalho. A parede verde podre descascando. O cheiro de mofo é nauseante. Alguém cagou no chão. Isso seria considerado um absurdo antes da nova ordem, mas agora, acontece até nos corredores dos escritórios de direito. A luz é fraca e fica piscando, o elevador está enguiçado, uma perfeita visão de um futuro trágico, aonde a tecnologia finalmente suplantou nossa humanidade, nos levando diretamente ao ponto de encontro com nossa natureza de macaco. Planos brilhantes estagnados, aparelhos de ar condicionado quebrados a mais de dois anos sem que ninguém se mova para conserta-los, merda no chão...
Descendo as escadas encontro com um amigo meu, o Fernando. Ele tem uma obsessão por baratas, mas isso é outra história, uma neurose humana mesmo. Ele diz para eu ficar esperto por que as coisas estão meio confusas fora do prédio, para variar. Fico tranquilo.
Do lado de fora, aquela bagunça. Ao sair do prédio olho para trás e encaro sua estatura. O prédio me parece mais lúgubre que de costume. Uma sensação estranha preenche minha alma. Será que ele sempre foi assim? Obscuro, Opressor?
Uma aura negra paira em cima do complexo de escritórios de direito aonde trabalho. Acho que vou pedir demissão. O Fernando também não estava com uma cara muito boa. Essa alternãncia, esse vai e vem de espíritos no subsolo. Acho que só iremos ter paz nesse mundo quando voltarmos a sermos o que eramos; Nada. O mito como estrutura de linguagem. Alguns acreditam em demonologia, outros em extra terrestres. Eu acredito nas coisas que eu vejo. Eu não acredito em nada.
Mas eu tenho minhas contas para pagar.
Acho chegar no carro, emerge da poça de vômito um negócio esquisito. Parece um macaco roedor. Segurando um osso na mão ele anuncia um assalto. Pobre bicho burro. Saco minha Bereta 9mm e acerto ele no meio da cara. Fico olhando o corpo daquela criatura pelada e deprimente estaltelado no chão espasmódico. Olho em seu rosto, e aquilo só aumenta minha lamentação. Pois os opostos são na verdade o mesmo, e isso agora é o que rege esse novo universo onde todo homem tem o direito de andar armado.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Escadaria para o paraíso. Isso me faz pensar.


Há uma senhora que acredita que tudo o que brilha é ouro
E ela está comprando uma escadaria para o paraíso
E quando chega lá ela percebe se as lojas estiverem todas fechadas
Com uma palavra ela consegue o que veio buscar
E ela está comprando uma escadaria para o paraíso
Há um cartaz na parede mas ela quer ter certeza
Porque você sabe que às vezes as palavras têm duplo sentido
Em uma árvore à beira do riacho há um rouxinol que canta
Às vezes todos os nossos pensamentos são inquietantes
Isto me faz pensar.
Há algo que sinto quando olho para o oeste
E meu espírito chora para partir
Em meus pensamentos tenho visto anéis de fumaça atravessando as árvores
E as vozes daqueles que ficam parados olhando
Isto me faz pensar Isto realmente me faz pensar
E um sussurro avisa que cedo, se todos entoarmos a canção
Então o flautista nos levará à razão
E um novo dia irá nascer para aqueles que suportarem
E a floresta irá ecoar gargalhadas.
Se há um alvoroço em sua horta
Não fique assustada
É apenas limpeza de primavera da rainha de maio
Sim, há dois caminhos que você pode seguir
Mas na longa estrada
Há sempre tempo de mudar o caminho que você segue
E isso me faz pensar
Sua cabeça lateja e não vai parar, caso você não saiba
O flautista te chama para se juntar a ele
Querida senhora, pode ouvir o vento soprar?
E você sabe Sua escadaria repousa no vento sussurrante
E enquanto corremos soltos pela estrada
Nossas sombras mais altas que nossas almas
Lá caminha uma senhora que todos conhecemos
Que brilha luz branca e quer mostrar
Como tudo ainda vira ouroE se você ouvir com atenção
Ao menos a canção irá chegar a você
Quando todos são um e um é o todo
Ser uma rocha e não rolar (trocadilho com "rock and roll")
E ela está comprando uma escadaria para o paraíso...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Os primórdios do punk, Malcolm McLaren criador do Sex Pistols e sua morte.

 
Um dos bastardos ao lado soltou um uivo de frustração.
Não tenho permissão para dar conselhos. Quando se fala de conselhos penso em Malcolm McLaren, o empresário inglês que em plena maturidade ideológica ou comercial popularizou o Punk nos anos 70. A monarquia não gostava nem um pouco de loucura, muito menos a loucura de McLaren, seu movimento desabrochou como uma flor exótica. Tudo começou com os Sex Pistols. O grupo de dementes estourou no reino unido dando início a um novo movimento cultural num amanhecer sombrio e cinzento. Alem de ser consagrado como produtor, McLaren também aproveitou para divulgar a sua loja Sex em Londres.
De qualquer forma, a contradição viva entre a nostalgia da monarquia e a realidade nunca se mostrou tão claramente como durante aquela década em que o punk era articulado como comportamento pop. Agentes de inquisição, cléricos, sacerdotes de deus. Geração K, geração X, estava em minha cama e de repente vi meu amigo já falecido ali parado em um canto envolto em uma aura acizentada. foi estranho. Mas logo ele desapareceu. Tenho esse tipo de visões o tempo todo. Dizem que os iniciados tem as respostas para todas as perguntas nos sonhos. Mitologia, magia negra? Malcolm McLaren morreu no dia 08/04/10 aos 64 anos de idade de câncer em Noya York.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Erich Mariani



E eu estou me sentindo tão bem...
parece até que eu nasci de novo.
O inferno era liso e frio como o mármore.

Tinha
gosto de urina,
mas não podia perder e nem deixar passar
o meu desejo de te conhecer.
Me diga, se voce não faria?
afinal das contas o que seria dessa vida
sem um pouco de prazer.

Eu errei
sei que errei nas escolhas e cometi uns excessos
em lugares não apropriados.
Caralho, circuncidado
responsável como um anjo pornográfico, minha auréola
de arame farpado.

São meus aliados
Yo vejo las putas que te encuestam na cerca
porque tengo una cabeza de Vaca
E é inevitável
me gusta o que vejo pero soy inperfeito
porque tengo una cabeza de Vaca

O desamparo está fazendo voce se mover
o desamparo está fazendo voce se mover
o desamparo está fazendo voce Nero
pegue o cordeiro agora que mataram pra voce.

Imundo
banheiro público, com a cabeça raspada
e um espelho quebrado, eu vejo um rosto
translúcido.
Um crustáceo
Neurose de ácido
piscina negra eu me jogo até o fundo com cuidado
para não morrer afogado.

São meus aliados
yo voy ao trabaho fumando marihuana
por que tengo una cabeza de Vaca
E é inevitável
me gusta mucho mucho mucho mais
pero tengo una cabeza de Vaca

Por sete dias, sete noites, porre de vinho, pesadelo
olho vermelho, banheiro público, anjos caídos, erva lúgubre.

Lágrimas da maldição.



(...) Aquela pobre criança de coração, que um dia viu seu pai morrer em suas mãos. Chegou até a se arrepender por não poder fazer nada, mas tinha certeza de que por ele não era amada. E para ela a morte dele já não importava. Para ela não existe um Deus, nada acima além do céu. Ela não sabia o que era derramar uma lágrima, e em sua morte ninguém chorava. Apenas o alívio de todos, fez com que no inferno ela tornasse a rainha amaldiçoada(...)

Falta de proeminência.



(...) Eu não ligo para essa escuridão que me cerca
Para essas pessoas que me odeiam
Para esses sorrisos falsos
Aqui há, um pensamento macabro. Mais nada importa.
E essas forças psicóticas em minha volta?
Me esmorece, mas não me revolta.
E mesmo assim perco o controle em minha volta
Porque não sei pensar, culpa dessa frágil mente morta.

Ironicamente






Ironicamente, me encontrei com você
Aquilo que eu pensava que era possível de acontecer novamente, novamente aconteceu...
De novo, seus olhos me fez parar ao tempo
Um olhar tão escuro como a noite
E que por algum motivo, me faz sorrir.
Minhas pernas tremiam, minhas mãos soavam frio.
Meu coração acelerou descontroladamente,
palavras fugiam da minha boca
- oh! minha garota, você é a única que me deixa assim.
Perfeitamente aquele dia foi perfeito.
Mais perfeito do que isto só existe você.
Minutos, poucos segundos que te vi, valeu mais do que todo esse tempo que vivi.
Mas enquanto esses segundos miseráveis
não voltarem a se repitir, estou eu aqui, cercada pela escuridão, sem você prefiro a solidão.
Fico fora de si por não poder te ver sorrir.
Você é um pedaço de mim, você meu coração,
sem você não posso existir.
Oh! garota você é a única que me deixa assim.
Eu preciso de você pra poder existir.
Você é minha vida, você é a música em meu pensamento, você é a dona dos meus poemas, e todos eles são infitas reticências (...)

quinta-feira, 8 de março de 2012

Reminiscências, a fita da morte. (pt1)



Fui tomada ontem a noite por um assombro enorme que contagiou a tudo em minha volta. Estava eu a selecionar umas velhas fitas de vídeos, e acabei encontrando mais material do que eu julgo ser possível assistir. Um jovem com um martelo esmaga a cabeça da namorada ciumenta. Adolescentes resignados em sua juventude plástica picando gatinhos. Um por do sol agressivo e o enviado das trevas a me perseguir.
Eram fitas velhas e desconexas, que eu julgava estarem totalmente mofadas ou destruídas pelo tempo, mas não. E ontem a noite eu tive o desprazer nostálgico de, mais uma vez, me deparar intensamente com o passado. Primeiro de tudo, não preciso nem mencionar o Anjo Negro. Aquele que desde o dia em que veio me visitar pela primeira vez, se instalou em minha alma, viveu a minha vida e morou na minha casa. Ele pode ser visto na maioria das filmagens. Discretamente, languidamente. Pelos cantos dos enquadramentos. Mas sempre lá. São muitas informações. A um vórtice no tempo e um buraco nas trevas. Eu fui tragado pelos dois.
Parei a fita. Desci as escadas e peguei uma garrafa de vinho. Vai ser necessário uma ou duas dessas para suportar essa estranha viagem ao passado. Essa insólita volta aquele período tão desagradável que é a adolescência. Insuportável pensar no que eu já fui um dia. Um adolescente sórdido com espinhas na cara, maneirismos estereotipados de fala, e uma máscara de insegurança estampada no rosto. Uma enorme máscara de carnaval com plumas de pavão escrito em neon azul; " Eu sou uma colcha de retalhos! Eu sou inseguro, sou volúvel como uma borboleta. Eu não sou nada, eu não sou ninguém". E logo na sequência tem uma imagem minha com quinze anos dizendo; " Enterrem meus órgãos no quintal". O que eu estava dizendo?
É estranho. Eu fui o último dos meus amigos a beijar, mas deveria, na verdade ter sido o último dos meus amigos a transar. Coisa que não aconteceu. E atribuo a e pular de fases, muitos dos meus infotunios e complexos na vida sexual. É estranho mergulhar no passado. Alguém tem uma ácido derretendo entre os dentes. Pequenos adolescentes com os olhos vidrados coversam frenéticamente enquanto fuma pilhas de maços de cigarros e as ovas dos peixes amassadas deixando os dedos amarelos e com um cheiro bolorento que vem da merda grudada no tênis. " Porra. eu pisei no coco do cachorro" diz alguém e os olhos vidrados da juventude transviada se voltam para a escuridão.
Nesse ponto novamente parei a fita. Um pouco nova demais aquela meninice toda com todas aquelas substâncias escorrendo pela superfície do rosto. Garotos de doze anos se bulinando e fumando maconha em um baile de fantasias improvisado na garagem. Um sapo, um aventureiro do bairro proibido, um vaqueiro e um Mc de funk. Totalmente transfigurados os rostos aparentam traços de metamorfose, insegurança, transubstanciação e homosexualidade. Mas como já diria Freud; " Todos os seres humanos até os doze anos de idade é potencialmente bissexual. Levando em conta que filmagem a molecada tinha exatamente doze anos, posso dizer que essa foi na trave. Cada moleque, um pendurado em cima do outro, bebendo, vomitando, dançando e insinuando coreografias que poderiam muito bem sugerir um ato sexual. ( para os especialistas). Mulheres? não havia nenhuma. Não. Elas eram boas de mais para a gente. Especialmente para mim. Porra. Entrar em contato com esse filme infernal, apalpei as mãos nas costas e senti a raiz das asas negras que fui forçado a arrancar na adolescência. Relembrei em 5.0 Hd o sofrimento que foi ter a minha juventude perdida, ver as portas do paraiso se fechando por causa das mulheres. Eu fui totalmente desprezado pelo sexo feminino em minha mocidade. O neon que eu carregava em minha aura avermelhada dizia em letras maiúsculas; " Ele nunca beijou na boca". De fato isso demorou para acontecer. E quando aconteceu, foi com uma mulher três vezes a minha idade e três vezes o meu peso. Que deus a tenha pois eu sei que ela morreu Sofreu um acidente. Houve muita baba e muitas mentiras nesse dia, pois eu disse que tinha uma namorada. Não sei por que menti. Talvez por que ela era muito feia e eu não queria repetir a experiência.
Ser adolescente foi terrível mesmo. Vejo moleques de quinze anos andando de bicicleta na rua, acompanhados de suas namoradas queimadas de sol e me pergunto se eu tivesse sido um deles, como seria minha vida hoje? No meu caso, não houve muita resistência. Desde cedo percebi que minha mocidade estava resignada ao desamparo e frustração. Não precisei ter um olho clínico para me olhando identificar que eu era um daqueles que possui a marca. A marca dos errantes. A marca lembrava uma cicatriz. E mesmo constantemente rejeitado pelas mulheres e posteriormente rejeitado pelos amigos eu ficava parado de frente para o espelho a contemplar minha marca de Caim. No meu íntimo eu sabia que aquilo tudo era apenas uma fase, e que em breve tudo iria mudar. Eu iria me tornar um homem. Um homem que possuia a marca no rosto. A marca que mais lembrava uma cicatriz, um corte.
O vídeo me fez lembrar de coisas que não aconteceram nunca, e eu fiz questão de esquecer tudo. A luz parece escura e a escuridão se fez tão clara. Parei de assistir a fita no momento em que começaram os caseiros filmes de terror. " A anatomia do terror". "A psicologia do medo". " O fracasso em tentar ser como os demais". Fui acometido por tantas que isso renderia até um outro post. Nesse momento, vou abrir outra garrafa de vinho, aquela que tem um capeta estampado no rótulo e continuar minha jornada lunar de encontro as trevas do passado.

(Erich Mariani)

terça-feira, 6 de março de 2012

Coincidência, SIMULTANEIDADE.



- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta. 

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo (Poesia Completa, p. 535)

Não há falta na ausência.

 


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

O jovem, Einstein.



Professor: Hoje, eu vou provar pra vocês que se Deus existe, ele é mal. Deus criou tudo que existe? (pausa)
Professor: Se Deus criou tudo... então ele criou o mal. O que significa que Deus é mal.
-um garotinho lá atrás levanta a mão-
Garoto: Com lincença, Professor... o frio existe?
Professor: Que tipo de pergunta é essa? Claro que ele existe. Você nunca teve frio?
Garoto: Na verdade senhor, o frio não existe. De acordo com as leis da física, o que nós consideramos frio é, na realidade, ausência de calor. - o garoto continua - Professor, a escuridão existe?
Professor: Claro que existe.
Garoto: Você está errado senhor. A escuridão também não existe. A escuridão, na realidade, é a ausência de luz. A luz, nós podemos estudar mas não a escuridão. O mal não existe, é a mesma coisa da escuridão e do frio. Deus não criou o mal. O mal é resultado do que acontece quando o homem não tem o amor de Deus presente em seu coração.
-O garoto se senta-
Professor: Como é seu nome garoto?
Garoto: Albert Einstein, senhor.